História

A Revolução industrial Resumo

Há pouco mais de 250 anos, passou a predominar o modelo de produção fabril — e, com ele, o uso intenso de uma matriz energética baseada em combustíveis fósseis muito poluentes: inicialmente o carvão e depois o petróleo.

Hoje, diante de graves desequilíbrios ambientais, há uma preocupação em substituir o petróleo como principal fonte de energia. Uma das alternativas é o uso do biocombustível, produzido, por exemplo, com a cana-de-açúcar.

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Esse problema, entretanto, é apenas um dos muitos que surgiram com o advento da indústria.

A construção da sociedade industrial

ostrução da sociedade industrialA partir das décadas finais do século XVIII e durante grande parte do século XIX, a Europa foi palco de vários acontecimentos que transformaram profundamente as sociedades do continente — e inúmeras outras ao redor do mundo.

Esse período de profundas transformações, por sua intensidade e dimensão, foi chamado pelo historiador inglês Eric Hobsbawm de Era das Revoluções. Dois movimentos podem ser considerados ponto de partida para essas transformações: a Revolução Industrial  e a Revolução Francesa.

 Os revolucionários franceses colocaram em prática os ideais iluministas. Sob o lema “Liberdade, igualdade e fraternidade”, puseram fim ao Absolutismo e instituíram limites ao poder dos governantes, além de estabelecer a igualdade dos indivíduos perante a lei e a liberdade de expressão.

Ao longo do século XIX, esses ideais, entre outros, difundiram-se pelo mundo e transformaram inúmeras sociedades. As constituições surgiam como a perfeita tradução dos novos tempos, em que a origem do poder deixava de ser divina para emanar do povo. Até mesmo no Brasil, governado por um rei de tendência absolutista (dom Pedro I), isso estaria presente.

Mercadorias para todos

Revolução industrialRevolução Industrial teve início na Inglaterra, antes de se espalhar por várias partes do mundo. O processo transformou a forma de produção, circulação e consumo de mercadorias.

Como resultado desses acontecimentos, formou-se a chamada sociedade industrial, caracterizada, segundo o historiador Eric Hobsbawm, pela “multiplicação rápida, constante, e até o presente ilimitada, de homens, mercadorias e serviços”.

A fábrica, lugar de produção intensa de mercadorias, é um dos principais símbolos dessa Revolução Industrial. Eram grandes espaços, com novas técnicas e máquinas manipuladas por dezenas, centenas e até milhares de trabalhadores.

Nunca as sociedades haviam produzido tanto e de forma tão diversificada. Os povos dos lugares mais diferentes e distantes do mundo logo foram transformados em consumidores.

O motor da Revolução, porém, não foram as fábricas nem os novos equipamentos. A busca incessante por lucros e por acúmulo de capital constituiu a força que movia as transformações.

Lucro, acúmulo de capitais, novos equipamentos, inovações na produção, grande oferta de produtos alteraram os hábitos mais tradicionais. As cidades cresceram como nunca, impulsionadas pela industrialização. Muitas se tomaram cenários caóticos, habitadas por uma massa de trabalhadores desprovidos de qualquer meio de sobrevivência, além da força física e da capacidade de trabalho.

Nessa sociedade urbana, o consumo passou a reinar. A produção ilimitada de mercadorias colocou à disposição das pessoas variados produtos, e a necessidade deixou de determinar a compra de mercadorias. A economia movia-se agora pelo desejo de possuir objetos. Em poucas décadas, inúmeros produtos novos e reinventados passaram a fazer parte do cotidiano: equipamentos para casa, adereços de uso pessoal, objetos de lazer, utensílios sem fim.

A produção em série, feita em grande quantidade para as multidões, provocou inúmeras consequências negativas. A distribuição desigual de riquezas no planeta se agravou, provocando o aumento da pobreza e das diferenças entre os países. Nunca a natureza fora tão degradada.

O pioneirismo inglês

O século XVII, para os ingleses, foi marcado pela instabilidade política e por conflitos que ficaram conhecidos como Revolução Inglesa (sobre o assunto, ver volume 1 desta coleção). Ao término desses movimentos, porém, a Inglaterra estava no rumo de se tornar a principal potência econômica do continente, tendo a França como principal rival. A condição havia sido alcançada graças a uma preocupação constante com a economia.

Grandes NavegaçõesA partir das Grandes Navegações, os povos europeus enriqueceram com o comércio, sobretudo o colonial. No início do século XVIII, os ingleses controlavam um vasto império na América, na África e na Ásia, e lucravam com inúmeros acordos mercantis. Na índia, por exemplo, adquiriam tecidos que eram revendidos com vultosos lucros na Europa e em outros continentes.

Essa atividade mercantil era amplamente apoiada pelo governo. Os mercadores ingleses contavam com uma legislação protecionista, uma política de incentivo à construção naval e exércitos prontos a intervir em defesa de seus interesses. Consolidou-se, assim, a maior frota mercante da Europa, com ampla inserção no mercado mundial. Esse cenário favoreceu o acúmulo de capitais na Inglaterra, o que seria fundamental para o início da Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII.

Enorme exército de reserva

Enquanto os comerciantes ingleses dominavam o mundo, a situação nos campos do país se transformava, favorecendo a concentração de terras em mãos de grandes proprietários rurais. Esse processo, conhecido como cercamento, já existia desde o período medieval, mas se intensificou ao final do século XVII.

Na Inglaterra, a maior parte das terras cultiváveis era formada pelos chamados campos abertos ou terras comunais, extensas áreas agrícolas divididas em incontáveis e diminutas partes. O direito e a tradição garantiam que cada uma dessas partes fosse trabalhada por uma família de camponeses, que assim garantia sua sobrevivência. Para facilitar, muitas vezes essas partes eram trabalhadas coletivamente, e o produto final, distribuído conforme a extensão de terras de cada um.

Para racionalizar o trabalho, os senhores de terras podiam pedir ao governo o cercamento. As terras eram, então, agrupadas e redistribuídas, de forma que se tornassem contínuas. Alguns senhores, então, aproveitavam-se do momento para forçar os camponses a se desfazerem de suas terras. Assim, muitos acabavam desalojados dos lugares de origem, sem meio de subsistência.

A formação de grandes propriedades por meio dos cercamentos foi acompanhada de novas práticas agrícolas, como rotação de culturas, descanso do solo entre as safras e maior distância entre as sementes — técnicas simples que resultaram no aumento da produtividade e em maiores lucros.

Em muitos lugares, o cultivo agrícola foi substituído pela criação de carneiros, que exigia poucos trabalhadores e fornecia lã para a manufatura de tecidos — na época uma das principais atividades econômicas da Inglaterra. Essas manufaturas usavam também o algodão, produzido inicialmente nas colônias da América do Norte e nas índias Ocidentais e, depois, na própria Inglaterra, em regiões próximas às fábricas e aos portos, como Bristol, Liverpool e Lancashire.

Em busca de trabalho, muitos camponeses desalojados migraram para as cidades ou áreas portuárias e passaram a movimentar as máquinas fabris. O aumento da mão de obra nas áreas urbanas foi também favorecido pelo crescimento populacional, ocasionado por diversos aspectos, entre eles as novas descobertas na área da saúde. Elas facilitaram o combate às epidemias, como a varíola, que dizimavam milhares de pessoas periodicamente.

A matéria-prima

A Revolução Industrial foi impulsionada pelo acúmulo de capitais, pela grande oferta de mão de obra e também pela existência de abundantes fontes de energia — sobretudo jazidas de carvão.

Com o aprimoramento da máquina a vapor, o carvão passou a ser utilizado em larga escala como combustível para movimentar os meios de transporte, como trens e navios, e as fábricas, que até essa época utilizavam água como força motriz.

Na Inglaterra, também havia minérios como ferro, cobre, chumbo e estanho, necessários à fabricação dos equipamentos que impulsionaram a Revolução Industrial.

O temor da fome

Em 1798, Thomas Malthus publicou o livro Ensaio sobre a população, no qual mostrava preocupação com o crescimento populacional: o número de pessoas aumentava em ritmo muito maior que o da produção de alimentos, o que levaria, segundo ele, à fome.

Malthus defendia o aumento da idade legal para que homens e mulheres se casassem e tivessem filhos, criando uma rigorosa continência sexual entre os trabalhadores, vítimas do que ele chamava de paixão entre os sexos.

O sistema de fábricas

Sistema de Fábricas

Na Europa, ao longo de séculos, os processos de trabalho e as técnicas produtivas sofreram mudanças radicais: da produção artesanal

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