História

A origem do homem

Duas hipóteses principais tentam explicar a origem do homem. Uma delas é a teoria da evolução concebida por Charles Robert Darwin (veja boxe a seguir); a outra hipótese, centrada na existência de Adão, é defendida pelos criacionistas.

Acompanhe o slide logo abaixo e depois continue a leitura.

A hipótese em que se baseia o criacionismo é de que o mundo e a humanidade foram criados por um ser supremo, conforme relata o primeiro livro da Bíblia, o Gênesis, que narra a criação do mundo, de Adão e de Eva, considerados os primeiros seres humanos segundo os criacionistas. O judaísmo e o cristianismo são exemplos de religiões cujas doutrinas se fundamentam no criacionismo. Mas, mesmo entre os seguidores dessas doutrinas, não há consenso a respeito dessa hipótese. A aceitação literal dos textos da Bíblia também não é unanimidade entre os criacionistas.

A origem do HomemEm oposição ao criacionismo, a teoria evolucionista ou darwinismo afirma que o homem e os demais seres vivos se originaram de organismos mais simples, que sofreram transformações ao longo do tempo. Hoje se sabe que essas mudanças envolveram mutações genéticas e a seleção dos espécimes mais bem adaptados ao ambiente em que viviam. O evolucionismo baseia-se principalmente no estudo de fósseis e em pesquisas genéticas; por isso é a teoria mais aceita pela comunidade científica atualmente.

Veja também a O que é História

É importante você perceber que esse quadro permanece em construção. A cada pesquisa a possibilidade de surgirem novas pistas aumenta.

Fóssil – “Qualquer vestígio de vida que remonta a uma época muito antiga. Podem se tornar fósseis não só os organismos ou parte deles – ossos, pólen, madeira, conchas —, mas também certas marcas de sua existência — pegadas, pedras trabalhadas, partes de habitações.”

► A evolução humana

Pesquisas desenvolvidas nos últimos trinta anos, nos campos da antropologia, da biologia e da arqueologia, sugerem que a separação entre a linhagem dos seres humanos e dos grandes primatas, como gorilas e chimpanzés, deve ter ocorrido entre 10 e 7 milhões de anos atrás. Essa linha de estudos baseia-se em pesquisas fósseis e genéticas. Análises mostram que, do ponto de vista molecular, homens e chimpanzés são 99% idênticos.

Na base de sua teoria evolucionista, Darwin colocou a luta pela vida, segundo a qual somente os mais aptos conseguem sobreviver e transmitir suas características genéticas favoráveis a seus descendentes. Assim, as transformações que favorecem a adaptação do indivíduo ao meio ambiente continuam a se propagar por meio dos descendentes e, após longo tempo, é possível identificar uma nova espécie originária da antecedente, mas diferente dela.

Sua obra Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural ou a conservação das raças favorecidas na luta pela vida, publicada em 1859, colocou-o no centro de acirradas polêmicas. Darwin morreu em consequência de um ataque cardíaco em 19 de abril de 1882.

Em 2003, uma equipe de cientistas descobriu na África restos fossilizados de um primata que classificaram como Sahelantropos tchadensis. Datações feitas no crânio e nas rochas em que o fóssil foi encontrado permitiram estimar a sua idade em cerca de 7 milhões de anos. Alguns estudiosos creem que esse hominídeo pode ser nosso ancestral mais antigo.

Outros achados fósseis na África, como o do espécime Orrorin tugeniensis, de aproximadamente 6 milhões de anos, e do Ardipithecus ramidus, com idade estimada em 5,2 milhões de anos, indicam que esses hominídeos também eram ancestrais dos seres humanos. Análises sugerem que eles já apresentavam a capacidade de andar com os membros inferiores em posição semiereta.

O gênero Australopithecus surgiu nas savanas africanas há cerca de 4 milhões de anos. No período compreendido entre 4 e 1 milhão de anos atrás, diversas espécies de australopitecos teriam coexistido e, eventualmente, competido entre si. Estudos indicam que se alimentavam de folhas, grãos e frutos e caminhavam em postura ereta.

> A origem do gênero Homo

Mudanças ambientais nas savanas africanas extinguiram grande parte das espécies de australopitecos. No entanto, algumas linhagens conseguiram se adaptar e sobreviver, dando origem ao gênero Homo, cerca de 2 milhões de anos atrás.

A evolução do gênero Homo não ocorreu de forma linear; o modelo que representa melhor o surgimento de novas espécies é o de uma árvore cujas ramificações podem estar mais ou menos próximas ou até mesmo isoladas umas das outras. Homo habilis, Homo rudolfensis, Homo ergaster, Homo antecessor, Homo erectus, Homo floresiensis e Homo neanderthalensis seriam algumas das espécies pertencentes ao gênero.

Acredita-se que o Homo sapiens, espécie à qual pertencemos e única sobrevivente do gênero Homo, tenha surgido há aproximadamente 120 mil anos, no continente africano. Da .África, os homens teriam partido para a Ásia, a Europa, a Oceania e a América.

► Uma periodização questionável

É comum muitos historiadores e a imprensa dividirem a história em Pré-história e História. A Pré-história corresponderia ao período anterior à invenção da escrita, e a História ao período em que surgiram os primeiros documentos escritos. Em outras palavras, alguns pesquisadores só reconhecem a escrita como registro histórico.

Mas será que podemos afirmar que os seres humanos só fizeram história a partir da escrita?

Se acreditamos que os sujeitos da história são todos os homens e mulheres que com sua experiência têm transformado a natureza para poder sobreviver, então a história existe desde o momento em que as primeiras espécies do gênero Homo surgiram no planeta, há cerca de 2 milhões de anos.

Desde o surgimento dos primeiros seres humanos, a humanidade tem procurado garantir e ampliar suas condições de sobrevivência. E tem obtido isso graças ao desenvolvimento de seu raciocínio, de sua cultura e à produção de recursos materiais e tecnológicos que aperfeiçoaram cada vez mais seu estilo de vida e sua adaptação ao ambiente.

Pré-história pode ser dividida em três períodos: o Paleolítico ou período da pedra lascada, que se estendeu por 2 milhões de anos; o Neolítico ou período da pedra polida, que teve início há aproximadamente 10 mil anos; e a Idade dos Metais,por volta de 7 mil anos atrás.

> O início da longa marcha humana: o Paleolítico

Ferramentas PaleolíticoOs humanos do Paleolítico garantiram sua subsistência por meio da caça, da pesca e da coleta de frutas e raízes.

Formavam, portanto, uma sociedade de caçadores e coletores que viviam em grupos e dividiam coletivamente o espaço e as atividades, utilizando objetos feitos com pedra lascada, madeira, ossos e dentes de animais.

Fala-se com frequência do “homem das cavernas”, como se os grupos pré-históricos tivessem vivido, cotidianamente, nas profundezas das grutas. Segundo pesquisas, eles ocupavam a entrada de cavernas ou abrigos sob as rochas, inclinações formadas pela erosão nos arenitos, nos calcários e nos basaltos. Em regiões mais quentes, chegaram a ter por teto a copa das árvores.

> A transição mesolítica

Entre 35 e 15 mil anos atrás, observamos transformações importantes nas sociedades paleolíticas, como o aperfeiçoamento dos artefatos e a introdução do arco e da flecha. Além disso, as modificações do ambiente terrestre se refletiram nos hábitos dos homens, contribuindo para a sedentarização de alguns grupos, isto é, sua fixação em determinadas regiões.

>    A arte rupestre

Algumas sociedades iniciaram a produção de cer; e o cultivo de plantas. Esse período de transform recebeu a designação de Mesolítico e representoi transição para o Neolítico. O estudo das sorie dessa época pode ser feito com base em instrum e armas e também nas magníficas pinturas rupe que elas criaram (veja a foto a seguir).

►    A Revolução Neolítica

No início do período Neolítico (10 mil anos atrás), os grupos de caçadores e coletores já dispunham de razoável bagagem cultural. A experiência lhes ensinara a identificar quais animais podiam caçar e quais plantas eram comestíveis ou úteis no tratamento de doenças. Também começaram a triturar alimentos e a polir seus instrumentos de pedra, criando peças mais duráveis que as usadas antes. E haviam desenvolvido crenças religiosas, em seu esforço para compreender os fenômenos da natureza.

Revolução NeolíticaPor volta de 10 mil anos atrás, o homem modificou a sua forma de se relacionar com o ambiente. Além de caçar e coletar frutos e sementes, ele começou a reproduzir e a cultivar plantas necessárias para a sua subsistência e a domesticar animais. A atividade agropastoril forneceu aos indivíduos uma fonte estável de alimento, contribuindo para que eles se fixassem nas áreas mais férteis, em aldeias de casas de madeira, pedra, barro ou adobe (tijolos de barro).

A agricultura desenvolveu-se em maior ou menor grau, em períodos de tempo relativamente próximos, em diversas regiões, mas com grande importância e impacto cultural e socioeconômico na China, na América Central, no Peru e no Oriente Próximo, em especial na região do Crescente Fértil, nome que se dá à faixa de terra que se estende desde o vale do Rio Nilo, no Egito, até a Mesopotâmia, cortada pelos rios Tigre e Eufrates e correspondente ao território do Iraque e da Síria atuais. Conhecidas como Revolução Neolítica ou Revolução Agrícola, essas mudanças ampliaram o domínio do homem sobre a natureza, resultando em maior produção de alimentos e no consequente crescimento populacional.

A vida nas aldeias neolíticas

Pesquisas arqueológicas indicam que os seres humanos que viviam em aldeias na região do Crescente Fértil eram quase todos aparentados entre si, pois a comunidade era constituída de poucas famílias extensas, conhecidas como famílias clânicas ou clãs. Um clã era integrado por grupos familiares com um antepassado comum e, com outros clãs, formava uma tribo. O poder político convencional ainda não existia. A tomada de decisões na aldeia estava a cargo dos chefes de família, os anciãos, encarregados de administrar eventuais conflitos.

aldeias neolíticas

Mais tarde surgiu a figura do patriarca, escolhido entre os mais valentes e sábios chefes de família. Líder religioso e político, o patriarca exercia também a função de proteger a comunidade contra os ataques dos grupos rivais, que investiam contra as aldeias em busca de alimentos e de animais domesticados.

Na aldeia, a atividade fundamental era o cultivo dos campos, feito pelos grupos familiares que depois se apropriavam coletivamente da colheita. A divisão do trabalho, quase inexistente, limitava-se à diferenciação entre as tarefas dos homens e das mulheres. Mesmo atividades como a tecelagem e a cerâmica eram executadas pelo grupo familiar.

A economia de uma comunidade neolítica era de subsistência, gerando poucos excedentes. Além da agricultura, criavam-se cabras, porcos e bovinos. O cão, já domesticado, era um valioso auxiliar no pastoreio. Entre as plantas cultivadas estavam o trigo e a cevada, produtos essenciais para a alimentação da época. A arqueologia comprova a existência de fibras tanto vegetais (linho) como animais (lã) utilizadas na fabricação de vestimentas que substituíram o uso de peles de animais.

Fonte: Atlas da história do mundo. São Paulo: Times/Folha de S.Paulo, 1995. p. 38-39.

> A formação das cidades

A criação das cidades é geralmente atribuída aos sumérios, povo do sul da Mesopotâmia. Mas outras surgiram em todo o Crescente Fértil e também na índia e na China. Uma das mais antigas foi Jericó, na Palestina — um núcleo habitado há 11 mil anos, nas proximidades do Rio Jordão. No ano 8000 a.C., Jericó era uma grande aldeia cercada de muralhas de pedra. Por volta de 3000 a.C„ era um centro de funções nitidamente urbanas, rodeado de muros. Por essa época, o Oriente estava pontilhado de cidades cercadas por aldeias agrícolas. Uruk, no atual Iraque, era a maior cidade da Suméria — um núcleo com uma área aproximada de 400 hectares e com cerca de 40 mil habitantes.

As cidades

“As cidades – local de estabelecimento aparelhado, diferenciado e ao mesmo tempo privilegiado, sede da autoridade – nascem da aldeia, mas não são apenas uma aldeia que cresceu. Elas se formam […] quando as indústrias e os serviços já não são executados pelas pessoas que cultivam a terra, mas por outras que não têm esta obrigação, e que são mantidas pelas primeiras com o excedente do produto total.

Nasce, assim, o contraste entre dois grupos sociais, dominantes e subalternos: mas, entre-mentes, as indústrias e os serviços já podem se desenvolver através da especialização, e a produção agrícola pode crescer utilizando estes serviços e estes instrumentos.”

► A Idade dos Metais

No último período da Pré-história os instrumentos de pedra foram substituídos aos poucos pelos de metal: o cobre foi o primeiro metal a ser explorado (7 mil anos atrás), seguido do bronze (5 mil anos atrás) e mais tarde do ferro (1500 a.C.).

A princípio o cobre, por ser muito maleável, era moldado a frio, trabalhado a marteladas, conforme registros de arqueólogos que encontraram objetos de cobre de aproximadamente 7 mil anos. Tempos depois, os metais passaram a ser aquecidos, despejando-se o material derretido em moldes de cerâmica ou pedra.

Entre os metais, o ferro foi o mais difícil de manusear, pois sua moldagem requeria enorme habilidade e um forno de alta temperatura (1.100 °C). Em razão de sua durabilidade e flexibilidade, ele foi capaz de substituir os outros metais na confecção de numerosos artigos.

> O campo e a cidade: a especialização do trabalho

A organização urbana abriu espaço para a especialização profissional, que dividiu a população ativa entre produtores de alimentos e especialistas das mais variadas funções, intensificando o comércio.

No campo, enquanto algumas famílias possuíam os melhores lotes de terra, com numerosos rebanhos e vários trabalhadores, outras cultivavam trechos áridos que produziam más colheitas. Nesse longo processo, as aldeias foram perdendo sua antiga autonomia e autossuficiência. Muitos trabalhadores envolvidos com as atividades artesanais abandonaram a agricultura. Os que ficaram nos campos produziam, agora, não só para o próprio sustento e de seus familiares como também para garantir a sobrevivência da coletividade, incluindo os habitantes das cidades. O sustento de um número maior de pessoas só seria possível com a produção de excedentes para o comércio, tanto agrícolas quanto artesanais.

 Fonte:: História das cavernas ao terceiro milênio, de Patricia Ramos Braick e Myriam Becho Mota

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